quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Ah, quem eu queria ser

Eu queria ser o Ian Anderson, bem, ao menos a persona artística dele, pois o cara mesmo eu obviamente não conheço nem nunca presumi conhecer.

Algo sempre me fascinou naquela expansividade de palco e obviamente nas letras que diziam tanto sobre assuntos tão humanos de forma tão delicada com as metáforas mas secas quando as mesmas são dissecadas.

Nunca consegui escrever nada nesse tipo, embora muito tenha tentado. Tentar imitar essa persona também nunca deu muito certo, ao menos fora dos palcos. Quando eu tocava, era algo que me garantia muitos elogios de quem assistia.

Mas tentar ser expansivo na vida real não foi uma experiência tão boa assim. Eu sempre associei essa expansividade a tentar ser uma pessoa seca, sarcástica e muito sagaz, sem perceber como eu só manti boa parte dos meus amigos nesse período aí por puro carinho e boa vontade em enxergar um lado bacana em mim.

Eu me afastei das músicas que eu costumo ouvir porque perdi o hábito de andar na rua ouvindo música, acabei trocando por podcast. Então, mesmo sendo muito fã de Jethro Tull, eu devo ter passado quase um ano sem ouvir nada deles e boa parte dos últimos dois ou três ouvindo apenas umas coisas aqui e ali, sem prestar muita atenção.

Esses dias parei para ouvir uns álbuns que eu não tenho aqui em casa e achei na esquina das internets, acidentalmente e de forma totalmente legítima e comecei a ver como eu fui um jovem tonto. Estava tudo ali, dentro das próprias escrituras que eu tinha por sagradas. O próprio Ian escreveu algumas letras sobre a loucura de ter tanta gente olhando para ele, de ser o centro das atenções enquanto ele mesmo só queria se sentir parte da platéia.

Precisei ser uma persona, de alguma forma, para ver que nunca precisei de uma.

"I don't believe you! You had the whole damn thing all wrong!"