terça-feira, 27 de outubro de 2009

Us and Them

O crack é historicamente uma droga direcionada para o submundo do submundo das drogas, o fim da linha,a facada no peito.O é porque mata rápido, produz alucinações fortes, que tiram o viciado terminal da realidade, que é podre[não só a dele,mas isso é um assunto para um outro dia].

A pedra sempre gerou muita resistência dos chefões do tráfico carioca, não possui boa margem de lucro, vicia muito facilmente e leva os próprios traficantes/usuários para um estado mental não desejável em um ambiente onde a troca de tiros com a polícia ou com uma facção rival é uma possibilidade constante.

Como esses chefões da velha guarda, por assim dizer, apesar de ser extremamente pejorativo para os senhores sambistas, estão em sua grande parte mortos e, hoje quem administra as bocas-de-fumo são jovens de ,19,20 anos, a pedra chegou ao Rio.

Sempre em seu lugar, no fundo da cadeia alimentar, sendo objeto de desejo somente dos que não encontram mais alento em nenhum outro alucinógeno e de prostitutas, até que um jovem de classe média se viciou na morte em formato de dado.

Em um alegado estado psicológico alterado, matou a sua namorada e esse fato, tão banal no meio aonde essa droga se prolifera, o qual não se olha, não se deseja olhar, virou manchete de quase todos os jornais cariocas.

Não pretendo entrar no lado legal da coisa, isso é de pouca importância,o que incomoda é ver estampado no jornal ,dia após dia o subtexto:
"Um tiro em Copacabana é mais importante do que um disparado na Baixada."

É impossível para mim achar normal os problemas de 50% da população de nosso país serem relegados a um jornal de R$0.50 que só fala abobrinhas, em um linguajar quase que inferior ao coloquial.É ainda mais ridículo ouvir o argumento de que aquele é o linguajar do povão, que é aquilo que eles entendem, nada mais.

Nós sim somos os formadores de opinião [ Deus, odeio esse termo], que podem ler O GLOBO inteiro e tudo compreender, ler aqulas verdades irrefutáveis maravilhosas,dispostas à nossa frente todas as manhãs.

Até quando nossos iguais serão os outros por uma alegada falta de finesse?

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