Pensamentos disconexos da minha experiência canadense [3]

Um belo domingo eu estava louco para esquiar na famosa neve canadense então, resolvi ir para a mais famosa do Québec, Mont Tremblant, sozinho mesmo.
Acordei antes do sol nascer,coloquei minha roupa estilo lenhador(com suspensórios e tudo)e fui para a rodoviária de Berri-Uqam.Foram 2.30h de viagem,o ônibus de carreira para trocentas vezes no caminho, o que encurtou bastante o meu tempo na montanha( e me deu muito tempo para olhar pela janela, ver uma linda paisagem e ouvir música)
A região onde se encontra Tremblant é realmente linda, um pequeno vilarejo encravado em uma mini-cadeia de montanhas, boa parte deles com cobertura vegetal,o único senão do lugar era ter que aguentar temperaturas passando de -20º combinado com rajadas de vento de até 55km/h( minha memória não é boa não , é que a previsão do tempo lá é tão constante que te faz lavagem cerebral) que fizeram com que eu pedisse para morrer toda vez que eu pegava a cadeirinha, eu nunca imaginei que ia sentir uma dor tão estúpida nas mãos e no rosto, mesmo mascarado e com luvas.
Enfim, a neve era perfeita e, combinada com uma pista larga me permitiu alcançar velocidades bem legais e , nessas velocidades, se ouve um os sons mais fantásticos do mundo:O barulho dos esquis cortando a neve.E era só, parecia ter entrado em um mundo paralelo, outra dimensão onde os outros sons e as pessoas ao meu redor não importavam, só haviam eu e a montanha.Para mim não existe nada mais terapêutico, saí de lá como se tivesse a mente mais leve, descansada.
Às 4, com o fim da luz natural, tudo acabou e fui eu, molhado da neve, esperar meu ônibus no relento por 45 minutos- não preciso dizer o quão desagradáveis esses foram, preciso?
As 2.30h de volta foram uma benção, eu pude me esquentar de maneira calma e , mesmo assim, ainda saí do ônibus com a minha alma fria.Nada tirar a roupa molhada e tomar um banho quente não resolvesses, nada que manchasse a minha consulta com o Dr.Tremblant