É essa capacidade de catarse profunda que o futebol trás, é o esporte que todos se reúnem em volta para descarregar as frustações da semana longa e cheia, da família que importuna, do salário ruim, o estádio é o perfeito palco para 90' onde o que está fora não importa, o que importa é só o seu time,devendo você, portanto, tentar virar um com ele.
E, com essa quase incompreensível capacidade de mobilizar as almas das pessoas, o futebol se torna um espelho das paixões dos seus torcedores.Por isso é um esporte tão forte no norte da Inglaterra, que contava com hordas de proletários entediados das suas jornadas de trabalho fordistas que precisavam de um passatempo e começaram a jogar campeonatos de sindicatos de categorias.
Mas é na Escócia que se escancara o viés social do futebol,particularmente na rivalidade Celtic v Rangers.O problema entre eles vai muito além do tema religioso que, como na Irlanda do Norte só veio a ter um papel central a posteriori.Os irlandeses foram uma força de trabalho muito necessária na segunda maior cidade industrial do Reino Unido e lá eles criaram uma colônia muito unida e muito pobre.
E, numa partida de caridade para levantar fundos para um orfanato,um padre criou o Celtic FC, o time dos irlandeses.O problema extracampo começou após a 1ª guerra mundial, quando a Irlanda deixou de ser parte da Union Jack,virou um país independente e os irlandeses, estrangeiros indesejados que estavam a roubar os empregos escoceses em uma atividade econômica que necessitava de cada vez menos mão de obra.
Se eles eram discriminados no trabalho e nas ruas, não poderia ser diferente no seu maior expoente na sociedade escosesa, o Celtic FC.E os irlandeses iam para o estádio torcer com toda sua força,derrotar seu opressor na única esfera que a sociedade lhes permitia.E, ao se tornarem campeões europeus de 1967, deram, através do futebol, a maior rasteira que eles poderiam nos que os oprimiram por décadas.
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