Mary era filha única e seu pai resolveu criá-la como se fosse um garoto,o filho que não teve,ensinou-a sobre carros,esportes e,como todo bom homem naquela família americana a caçar.Não que sua família dependesse da caça para sobreviver,mas a matança para ouvir o corpocair, também conhecida como caça esportiva, era uma tradição a qual Mary teve de honrar desde pequena.
Aos 10 anos já ia às temporadas de peru e faisão com seus pais,tios eprimos.Como toda mulher,atenciosa aos detalhes,possuía incomum facilidade para achar seus alvos,e assim, matar muito mais do que qualquer um de seus primos conseguia àquela idade.
Quando fez 18,nada de viagem à Europa ou à New York para fazer compras,Mary pediu para ir ao Alaska para caçar ursos, o grande desafio do caçador da América do Norte.
E então foram os dois, sem guia, se embrenhar na mata desconhecida para matar ursos negros.
Duas semanas se passaram e,com a frustração de não terem abatido um ursinho sequer,resolveram voltar.Contudo,a falta de baterias do GPS aliadas a total incapacidade da dupla de ler mapas os deixaram perdidos à própria sorte na terra dos ursos.Suas provisões já haviam acabado e a fome de dias já atrapalhava o progresso da dupla,decidiram então por usar seus rifles e caçar alguma coisa, qualquer coisa.
A habilidosa Mary não levou muito tempo para encontrar um jovem cervo,mas sua fome prevaleceu, fez com que ela se precipitasse, caísse nos arbustos à sua frente.Isso seria algo que normalmente afastaria um animal, mas não esse, o cervo permaneceu inerte, olhando profundamente nos belos olhos verdes da jovem por um longo minuto, como se deixasse ser abatido.
A caçadora não hesitou,abatendo o cervo com um certeiro disparo na cabeça.Naquela noite comeu pela primeira vez em sua vida algo que havia matado, e era bom, mas aquela imagem do animal abaixando a cabeça, pedindo a bala a fez pensar.
O animal não era mais um só alvo,toda aquela ritualísitca da caça por entreterimento havia perdido a lógica.
Eles foram resgatados no dia seguinte e, antes de partir no helicóptero, Mary resolveu enterrar seu rifle naquela floresta,junto das víceras de sua última vítima, a única verdadeira, para nunca mais caçar novamente
Capítulo 219 - Meu problema com a poesia
Há 4 anos
Um comentário:
nunca conseguiria caçar algum animal por diversão. é cruel demais.
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